Faz quase cinco anos que o Sud Expresso e o Lusitânia – os únicos comboios que ligavam Portugal a Madrid e a França – deixaram de circular. A razão invocada foi a pandemia de covid 19. Enquanto todos os serviços afetados pela pandemia foram sendo retomados, continuamos privados da alternativa ferroviária para conectar Lisboa e Madrid.
Esta suspensão desloca mais passageiros para a aviação, que é o meio de transporte mais poluente e a fonte de gases com efeito de estufa que mais rapidamente cresce. Madrid é neste momento o principal destino dos passageiros do Aeroporto Humberto Delgado de Lisboa – uma viagem que pode ser substituída de forma fácil, prática e económica pelo comboio.
A decisão de manter Portugal isolado vai contra a tendência atual na Europa, onde os comboios noturnos estão a ser fortemente reavivados, através de novas ligações como Roma – Amesterdão, Viena – Munique – Paris, ou Berlim – Bruxelas, e onde, a 8 de dezembro 2020, as principais operadoras ferroviárias assinaram um acordo por uma nova rede europeia de comboios noturnos.
Esta é apenas a quarta vez na história que Portugal está isolado da ferrovia europeia. Em 133 anos, só aconteceu durante a Guerra Civil Espanhola e as duas guerras mundiais. Neste momento, para além de Atenas, Lisboa é a única capital europeia sem uma única ligação ferroviária internacional.
Em 2022, em França, um novo comboio noturno foi lançado justamente entre Paris e Hendaia, o destino histórico do Sud Expresso. A primeira viagem partiu a 1 de julho às 21h14 de Paris-Austerlitz e chegou na manhã seguinte às 10h40 a Hendaia.
Proposta legislativa
No dia 28 de novembro, foi aprovada uma proposta do partido Livre relativa à retoma dos comboios noturnos internacionais entre Portugal e Espanha.
“O Governo português aprofunda as negociações com o Governo espanhol para a reativação, durante o primeiro semestre de 2025, dos serviços de comboios noturnos Lusitânia e Sud-Expresso, através das empresas ferroviárias CP – Comboios de Portugal, E.P.E. e Renfe”.
“O Governo português adopta, em conjunto com o Governo espanhol, os serviços ferroviários noturnos como parte da estratégia ferroviária ibérica, nomeadamente no Plano Ferroviário Nacional português”, refere a proposta aprovada.