A colecção “Cadernos do Património” pretende promover e dar a conhecer o património cultural de assinalável valor histórico, arquitectónico, arqueológico e artístico dos Vales do Côa e Águeda e da Raia, numa perspectiva de divulgação, juntando fotografia e textos que contribuam para a valorização desse território de valor único.
O segundo Caderno de Património é , por um lado, um testemunho do 2.º Encontro, organizado pela RIBACVDANA (Associação de Fronteira para o Desenvolvimento Comunitário) em 2021, em Escarigo, pequena aldeia raiana no Concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, e, do outro lado da ribeira de Tourões e do rio Águeda, em Puerto Seguro. E, por outro lado, pretende ser um contributo para uma reflexão sobre o território de Riba Côa, que se estende à volta de Monforte.
O território raiano é uma região sem monumentos grandiosos, como acontece perto dos centros de poder, sabemos no entanto que podemos por lá descobrir património material e não-material de grande valor. Abre-se, portanto, um vasto campo de acção e de estudo, que nos permite acreditar que, no tempo em que as fronteiras se esbatem (se ainda se esbatem?), é essencial registar e estudar esta estreita faixa de terra, que designamos de raia, sempre tão esquecida e, julgamos, ainda mais ignorada. É um território marcado por memórias de muitas e cruentas batalhas, porque era território cobiçado e disputado, como porta de entrada para conquistas maiores. Foi, por isso, local de construção de postos de atalaia e de fortalezas militares, que materializaram primeiro a conquista e depois a defesa de cada reino dos reinos vizinhos.
Captar o imaginário colectivo é um desígnio exigente, a que o ensaio fotográfico, “Fotografar a Raia”, e os dois textos que o acompanham, de Renato Roque e Jorge Velhote, tentam oferecer um segundo olhar, através do sentir estético das múltiplas visões da Raia de um grupo de fotógrafos que participou no Encontro.