Cadernos do Património 3

A colecção “Cadernos do Património” pretende promover e dar a conhecer o património cultural de assinalável valor histórico, arquitectónico, arqueológico e artístico dos Vales do Côa e Águeda e da Raia, numa perspectiva de divulgação, juntando fotografia e textos que contribuam para a valorização desse território de valor único.


Os Cadernos do Património vão ganhando escala. Este terceiro Caderno de Património é mais uma peça na longa cadeia que se pretende construir, haja força, beleza e sabedoria para continuar este importante trabalho de valorização do território raiano.

Este terceiro número conjuga comunicações que foram apresentadas em duas acções: o “3.º Encontro Transfronteiriço entre Mata de Lobos e Sobradillo”, em Setembro de 2022, e as “2.ªs Conversas da Raia”, em Escalhão, em Maio de 2023.

Carlos Vicente trouxe-nos o ciclo do pão, e deu a conhecer como era esse ciclo na Mata de Lobos e em toda a região de Ribacôa, bem como aspectos etnográficos e linguísticos desta importante actividade da humanidade, que nos salvou da fome ao longo dos milénios da nossa existência.

Carlos Caetano, enquanto historiador de arte, uma primeira abordagem da actual Igreja Matriz da Mata de Lobos, bem como das ermidas de Santa Marinha, de Santo Antão e do Senhor Santo Cristo, alertando sempre para o valor patrimonial que as suas paredes encerram, tanto no que é visível, e, por detrás delas, no tanto que é muitas vezes invisível.

José Miguel guiou o nosso olhar para os monumentos naturais, fragas, rochedos, escarpas erguidas na paisagem, e que, pelas suas particularidades, constituíram-se elementos sacros pré-históricos.

Francisco Gonzalez, além de nos apresentar historicamente o castelo de Sobradillo, elemento arquitectónico que sobressai no casario que o envolve, fez uma contextualização da envolvência deste belo pueblo raiano.

Manuel Correia Fernandes explica-nos a diferença entre muros e paredes, elementos essenciais na arquitectura e na paisagem raiana que, por motivos inaceitáveis, estão a ser desmontados e vendidos ao desbarato.

Finalmente, a paisagem. A paisagem geográfica e humana da raia vista pelos olhares atentos do grupo informal de fotógrafos que, desde o início, têm estado com a RIBACVDANA (Associação de Fronteira para o Desenvolvimento Comunitário). Foi nestas participações que o grupo finalmente recebeu o nome de baptismo, “PORTA 55”, uma homenagem à casa de Aires Roque e de Felisbela Maia, porto de abrigo do grupo em Figueira de Castelo Rodrigo. E que ano após ano, nos vão deleitando com o seu olhar agudo e poético, e sempre com uma proposta temática de base, neste caso: “Caminhos”. Uma metáfora que nos pode orientar para diversos contextos existenciais, sejam eles materiais ou imateriais.

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