Portugal e Espanha enfrentam período de seca 

Os Tribunais de Contas de Espanha e de Portugal apresentaram um relatório conjunto sobre as
medidas de combate à desertificacão e de prevenção e extinção de incêndios na Península ibérica. A criação deste relatório deveu-se ao acordo, alcançado em 2018 no âmbito do aprofundamento da cooperação bilateral dos Tribunais de Contas ibéricos, para a realização de um trabalho conjunto relativamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Segundo os Tribunais de Contas de ambos os países, a desertificação é uma das principais ameaças que Portugal e Espanha sofrem. Esta é a região com mais incêndios da Europa e a desertificação que assistimos é uma grande ameaça para os ecossistemas ibéricos, agravada pelas alterações climáticas. 

No relatório foi assinalado que ainda falta uma maior proteção dos solos, que estão cada vez mais degradados. O aumento da desertificação é um desafio global e Portugal é um dos países mais expostos, atualmente com mais de 50% dos solos são já afetados pela desertificação. Em relação às terras degradadas, Portugal tem mais 6.1% do que Espanha. 

O período de seca já se faz sentir em território ibérico. Na última década, as ondas de calor são cada vez mais habituais, o que também está associado a seca em que vivemos. A ausência de chuva faz com que o risco de incendio aumente e os bombeiros olham para o verão com preocupação.

Espanha e Portugal são dois dos países com maior incidência de incêndios na União Europeia, tendo sofrido nos últimos anos episódios muito violentos dos chamados incêndios de “nova geração”, caracterizados por um comportamento extremo do fogo.

Portugal e Espanha são dos países europeus que mais sofrem com as alterações climáticas. Em várias regiões não chove há meses enquanto em outras a chuva que cai não dá para encher os rios e as barragens. O sul de Espanha é um dos locais que mais sofre com a seca, com o caudal dos cursos de água a atingirem valores alarmantes, em alguns casos estando em causa o consumo humano.

Barragens sem água colocam em causa a agricultura

Uma boa parte das barragens no sul de Portugal estão com menos 7% da água que tinham no ano anterior. Existem 6 bacias hidrográficas com volume de água inferior a 40%. A bacia do Barlavento algarvio é aquela que menos água tem armazenada. Para além da falta de água e das temperaturas elevadas, Portugal esgotou os recursos disponíveis para este ano.

Portugal e Espanha estão a trabalhar para apresentarem o mais rápido possível soluções para esta situação. Algumas das medidas que podem ser implementadas é a modernização do regadio, a adaptação da agricultura (existem vozes que pedem que a Extremadura se torne na Silicon Valley europeia) e Portugal levanta a possibilidade de voltar a restringir a produção elétrica em algumas barragens.

Espanha é conhecida como o «pomar da Europa», mas 60% das suas terras agrícolas estão a sofrer com a falta de chuva. A seca afeta a nossa vida das mais variadas formas, sendo uma delas através do encarecimento dos produtos. Pede-se que o Governo português declare «situação de seca» em todo o território. Os agricultores, em especial os do Alentejo e do Algarve, pedem mais apoios para conseguirem alimentar os animais e já estão a ser usados furos para a rega. Estes estão a ser isolados para que não se perda água no processo.

IMAGEN: El 15 de mayo se conmemora la festividad de San Isidro Labrador, santo patrón de los agricultores. (FOTO: Mural de San Isidro, en la fachada de la antigua fábrica de Harinas Colino, en Zamora. Pintura sobre azulejo datada en 1922)

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