Programa bilateral para revitalizar e recuperar aldeias na fronteira

Portugal e Espanha partilham a maior fronteira terrestre da União Europeia, um território marcado, na sua maioria, pelo despovoamento. Na 34.ª cimeira entre Portugal e Espanha, que decorreu até 15 de março em Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias, as “aldeias na fronteira” têm sido protagonistas dos acordos saídos da cimeira.

O objetivo do programa bilateral das aldeias transfronteiriças é revitalizar, recuperar vida nestas aldeias, algumas que estão praticamente abandonadas e outras que perderam grande parte da sua população e da sua atividade. O crescimento do teletrabalho, por exemplo, criou oportunidades de ter nestas aldeias atividade económica que normalmente elas não teriam, mas é preciso criar as condições tecnológicas e outras para isso se concretizar e estes puderem ser territórios competitivos para além da agricultura, da pecuária ou da agroindústria, numa diversificação da base económica e social tradicional.

Está em causa revitalizar casas para as pessoas viveram e património para empresas se instalarem, para espaços de ‘coworking, para empresas ou associações darem formação ou recuperar património para projetos culturais entre ambas as fronteiras..

Essas condições passam por novas infraestruturas de telecomunicações, pela garantia de ligações a pequenos centros urbanos ou pela recuperação de património. Se trata de revitalizar património, mas o património que é necessário para atrair nova atividade económica, valorizando o potencial de cada território, mas agora com mais conhecimento e com tecnologia.

É trazer investimento empresarial, inovador e competitivo, para estas aldeias, projetos inovadores que criem emprego, e levar para esses locais atividades que normalmente é mais habitual ver noutras geografias.

Os detalhes do programa serão apresentados em breve em Penha Garcia, uma freguesia de Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, uma das aldeias já selecionadas para integrar o projeto.

2 800 freguesias e municípios

Tanto Portugal como Espanha já identificaram várias aldeias para este programa. A estratégia abrange 1.551 freguesias, cerca de metade das freguesias portuguesas, e abarca uma área correspondente a 62% do território nacional. Do lado espanhol, inclui 1.231 municípios, correspondentes a 17% da superfície de Espanha.

São projetos que não podem envolver só os municípios, contarão com uma multiplicidade de parceiros, e o financiamento passará também por fundos europeus.

Os projetos serão diferentes para cada aldeia, porque se trata de valorizar as potencialidades de cada local, para reter e captar talento nestes territórios que hoje estão a ser muito procurados, não só pelos nómadas digitais, mas por outras empresas que consideram estes territórios mais atrativos para desenvolverem as suas atividades.

O Campus Rural para o desenvolvimento das regiões de fronteira

Na cimeira do 2023 em Lanzarote, e dentro da mesma estratégia transfronteiriça, Portugal e Espanha assinaram um acordo para criar o “campus rural transfronteiriço”, que permitirá a estudantes do ensino superior dos dois países fazer estágios e trabalhos de investigação em territórios rurais e despovoados.

O programa Campus Rural Transfronteiriço enquadra-se dentro da estratégia de desenvolvimento nas regiões de fronteira anunciada por Portugal e Espanha em 2020, na cimeira ibérica da Guarda.

Neste caso, o objetivo é que os estudantes conheçam melhor essas realidades, sendo esta uma forma de lutar contra preconceitos e perceções erradas sobre os territórios do interior e transfronteiriços, mas que também se estudem essas zonas e regiões com trabalhos académicos.

IMAGEM: rtve.es

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