Sobreturismo em Portugal?

As multidões são um problema para residentes e turistas. Podem arruinar a experiência de conhecer um local para as pessoas que ficam presas em filas intermináveis, incapazes de visitar museus, galerias e outros sítios sem marcação prévia, incorrendo em custos crescentes com coisas essenciais como comida, bebida e hotéis e impossibilitando-as das delícias de conhecerem um sítio em relativo sossego. A ausência de regulamentos concretos fez com que alguns sítios tivessem de assumir a tarefa de tentar estabelecer algum tipo de controlo de multidões, o que resultou em falta de coesão – e de uma solução.

Murmuration, uma start-up francesa que monitoriza o impacto ambiental do turismo utilizando dados recolhidos via satélite, diz que 80 por cento dos turistas visitam apenas dez por cento dos destinos turísticos mundiais, o que significa mais multidões em menos sítios. 

Que medidas estão a ser tomadas? Os impostos municipais tornaram-se cada vez mais populares. Aveiro foi a primeira cidade portuguesa a cobrar taxa turística de dormida, entre janeiro de 2013 e abril de 2014, mas não obteve sucesso e foi descontinuada. Em 2016 foi a vez de Lisboa e, desde então, a ideia propagou-se como cogumelos de Norte a Sul do país. A câmara de Lisboa até duplicou a taxa de dois para quatro euros com o argumento de que permitirá aumentar a qualidade do turismo e reforçar investimentos em áreas fundamentais, como a cultura.

De Norte a Sul cada vez mais câmaras cobram taxa turística e encaixam milhões de euros nos cofres municipais. Lisboa até duplicou o valor; com a atualização, a taxa turística poderá render anualmente 80 milhões de euros à capital.

Este aumento coloca Lisboa entre as cidades europeias com os valores mais elevados, igualando a Barcelona que vai cobrar quatro euros a partir de outubro. Até 31 de julho deste ano o município já encaixou 25,3 milhões de euros com as taxas turísticas. A manterem-se os atuais fluxos turísticos, as receitas com a taxa – que entra em vigor a 1 de setembro deste ano – podem atingir os 80 milhões de euros em 2025, duplicando os 40,2 milhões de euros de 2023.

Medidas para atenuar o turismo de massas no Porto

A taxa turística é cobrada no Porto desde março de 2018 para criar receita para mitigar a pegada turística que se verifica na habitação, na limpeza e na mobilidade. Desde 2018 e até abril de 2024 foram liquidados 75,8 milhões de euros com esta taxa.

Para fazer face ao aumento do turismo na cidade, a Câmara do Porto tem já em cima da mesa várias medidas para atenuar o turismo de massas. Como é o caso da criação de quarteirões territoriais para aliviar pressão turística no centro histórico e dispersar o fluxo para outras áreas com menor procura na cidade.

Ou, mais recentemente, a restrição da circulação de tuk-tuks e autocarros de excursões entre a Rua de Gonçalo Cristóvão e o Túnel da Ribeira, no centro histórico, limitando também os autocarros de dois andares e acabando com a circulação do comboio turístico em 2026.

Municípios encaixam milhões de euros

Mais a Norte, em Vila Nova de Gaia, a taxa turística (atualmente ronda os 2,5 euros) está em vigor desde 2018, tendo arrecadado 1,8 milhões de euros em 2023 e 920.671 euros no primeiro semestre deste ano. Um pouco por todo o país há mais câmaras a cobrar a taxa turística: Braga, Póvoa do Varzim, Coimbra, Mafra, Óbidos, Faro e Vila Real de Santo António. Em setembro passarão a cobrar esta taxa os municípios de Caminha – 1,50 euros na época alta e um euro na baixa – e Setúbal. Fica a questão: quantas mais lhes irão seguir o exemplo?

COM INFORMAÇÃO DE www.eco.sapo.pt

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